domingo, março 26, 2006



Operação tapa buracos (ou, como 'uppar de nível' o povo da areia)


Ruas sem calçamento são desagradáveis. São poeirentas quando há sol e lamacentas quando chove. Fora isso, há aquela sensação ruim, de preconceito mesmo.



A primeira coisa que nos vem à cabeça -- pelo menos na minha -- é: pessoas que moram em localidades assim são, mais do que carentes, mal educadas e totalemnte dispensáveis. São o que eu costumo chamar de povo da areia. -- Seria isso tudo preconceiro de minha parte ou conceito formado após a observação de várias situações como essa? Sou inclinado a acreditar na segunda alternativa.

Todo mundo conhece ruas assim, isso é fato. O que não sei é se a maioria teve a "oportunidade" -- eufemismo pra desprazer -- de morar em uma rua assim. Pois bem, eu moro. Ou melhor, morava. essa semana, após sei lá quantos anos, a Prefeitura finalmente resolveu asfaltar a minha rua -- embora ela conste ter sido asfaltada pelo menos uma vez por cada uma das últimas 5 ou 6 administrações ateriores. Whatever... O mais interessante em todo o processo de pavimentação veio da observação dos moradores da minha rua, aqueles que são chamados de meus vizinhos. Dava pra fazer um verdadeiro estudo antropológico.


Em uma das etapas, foi necessário abrir toda extensão da minha rua -- que é bem longa, quase 2km -- para a instalação do esgoto de águas pluviais. Neste dia, fazia um sol escaldante e eu, puto, saí de casa pra resolver alguns problemas. Qual não foi minha surpresa de ver ao longo das calçadas as pessoas sentadas, alguns até com cadeira de praia! Meu deus! Pessoas instalando uma rede de esgoto pluvial virou atração da minha rua! É o último degrau da dignidade humana!


Vários outros episódios como esse aconteceram ao logo de todo o processo. O último digno de nota (sic) foi nessa sexta-feira. O asfalto finalmete havia chegado e o povo da areia se encontrava agitado e maravilhado com aquela camada negra que encobria o que antes era terra. Saindo de casa ainda pude ouvir alguns trechos de conversas conforme ia andando:

"Mamãe, olha só como o chão tá quente!"

"(...) e ele falou que isso sai dali a 160 graus (...)"

"(...) mas disseram que aquele filho da puta só ligou o encanamento dele. Agora quero ver como vai ser. Só falta ter que quebrar tudo pra poder ligar a minha água (...)"


E por aí foi...

O povo da areia agora virou o povo do asfalto. Pois é, se até as amebas evoluem...

E viva o asfalto na minha rua!

*****


Sim, eu voltei.